domingo, 11 de julho de 2010

Are you afraid of the dark?

A verdade é que os seres humanos não sabem lidar com a morte, fingem que aceitam e acreditam que superam, mas não entendem e culpam e culpam e culpam a tudo. Culpam a mim e culpam a Tánatos, culpam aos deuses e culpam uns aos outros, porque tem medo. Vocês são tão delicadamente frágeis, pobres mortais, que temem o natural, são tão tolamente orgulhosos que temem o que não podem controlar, tem pânico do que lhes é desconhecido. Os humanos aprenderam a domar o fogo, conhecem os céus como conhecem a terra, usam a natureza a seu bel prazer e mesmo assim, quando eu corto uma única linha...Morrem. Entendem? Só há o medo da morte porque não há controle sobre ela, é inevitável, é uma certeza, mas é também uma surpresa e afirmo com certeza, que será sempre uma dúvida.
Porém, pergunto-lhe então, o porquê. Ó, mortal, responda-me o porquê do medo irracional de algo que já foi decidido no início dos tempos. Não vê? Tudo o que deverias temer é a vida, que nada mais é que um caminho sem volta, sem mapa, sem certezas além de que um dia, há de se caminhar até o fim. Esse medo que lhe consome com a vinda de Tánatos, esse desespero ao ver-me levantar minha tesoura...Pelos deuses, isso não é certo. Eu não entendo a coragem que toma conta de seu corpo quando se trata de viver, de continuar seguindo por um caminho desconhecido em direção à morte.
Qual a sua resposta, afinal? Uma vida contruída por milhares de escolhas que mudaram o rumo de tudo, uma vida que também é só mais uma pergunta sem resposta parece-lhe melhor do que uma certeza quase reconfortante após anos, anos, anos e anos de desafios? Um final parece-lhe mais assustador que uma caminhada junto ao destino? Eu não o entendo, mortal. Eu não entendo seus medos. Qual o problema da morte? Aliás, que é a morte para quem viveu? É um final digno. E isso tudo, eu lhe digo! A morte é isso e somente isso, um final, o cair das cortinas após uma peça que você protagonizou. Contudo, ainda a temem e ainda a culpam. Por quê?
Arrependimento? Pode acreditar, todos tem o tempo que merecem, não faça tudo apressadamente, viva sua vida um segundo de cada vez, quero ver cada um de seus passos até os braços frios de Tánatos, não se arrependa de sua própria vida, morrer com culpa é por demais triste e talvez só aumente o medo. Incerteza? Não as tenha, tudo o que precisas saber é que basta fechar os olhos. A morte sempre esteve sobre seu controle, tolo. Feche os olhos e faça dela o que bem entender, eu disse que você morreria dessa forma, porém em sua cabeça, ainda é você quem manda. Então, não chore, não grite, não culpe, não corra. Aproveite-se disso como aproveitou sua vida. Aproveite, ó, mortal, um descanso eterno. Sem medo, sem arrependimentos, sem falhas, sem perguntas. Aceite. Aceite. Aceite. Como eu aceito que vocês temem mais o fim do que os problemas que antes enfrentaram com maestria.

sábado, 10 de julho de 2010

Glaubst du an Schicksal? [Você acredita em destino?]

Na minha plena visão, tu és um rato.
Mortais são ratos, correndo em debandada, atrás de prazeres e pecados, tentando sentir o gosto de ambrosia dos deuses descer-lhes a garganta. Inocentes? Não brinque com minha paciência, na goze de sua vida, ó, mero mortal.
Tu precisas entender sobre tua pequenes, tua simplicidade diante do Cosmos. Minhas adoradas filhas [N/A: Adotadas, tá?], Cloto, Láquesis e Átropos, começaram sua dança por entre os fios da vida, girando em torno da Roda da Fortuna, que determina teu destino, seja ele bom ou ruim. Tua vida apenas depende do trabalho - e do humor - de cada uma dessas meninas, também deusas, que nasceram da Noite. Nós merecemos respeito dos deuses e dos mortais, porque somos aquelas que fazem esse mundo rodar, a vida caminhar e o futuro vir de encontro à tua pessoa, sempre supreendendo, deixando marcas não raramente violentas.
Portanto nesse pedacinho de céu, o Olimpo, a morada dos deuses, falaremos de nosso trabalho, apenas com a nossa costura, encantando teus olhos com idéias fantásticas e surreais, enchendo tua pequena mente com os deleitos da vida, adocicados tal qual o néctar caramelado, nostalgiando até o corpo do mais aventurado no mundo místico.
Seja o que for, seja qual o caminho ou lado que o Destino tome, tu serás nosso intrometido companheiro, nosso andarilho, e se desejar, mais um daqueles a quem agraciamos.
[Ou então, quem sabe tu serás nosso lanche?]
Cale-se, ó, mortal, e ouça o que lhe falaremos...

Nós somos as mães do mundo e essas são nossas histórias.

domingo, 27 de junho de 2010

That's who [what?] we are. [Your fate.]

Eu sou Cloto.
Lembre-se: o que você é, você deve a mim. Sua existência é algo que eu te dei. Portanto, seja grato por tudo - porque, se algum dia você me decepcionar, eu posso simplesmente te virar as costas. E você não gostaria disso, gostaria?

Eu sou Láquesis.
Eu sou a que tece os fios que te prendem. Se tens sorte em suas empreitadas, se as asas douradas do Amor - o desejado - roçam em ti, ou se as nuvens pesam sobre seu caminho e se nada encontrares além de dor, só cabe a mim decidir.

E eu sou Átropos.
Aquela à quem cabe a decisão do fim, aquela que tem apenas a tesoura em mãos, pondo um fim em sua vida, não me importa ao que foi destinado, o final é sempre um. Este, eternamente decidido por mim. Entendes? Não há qualquer escapatória. É este o seu destino, a Roda da Fortuna gira, o fio se estende por anos e então...Eu o corto.

Eu? Eu sou a Necessidade. Chame-me de Ananke, se assim desejar.
Mas eu sou, ainda, a necessidade de se colocar ordem no destino. A essência que sustenta o mundo em seu próprio eixo, este não sendo nada além do Caos. Eu sou aquela que rege o mundo dos mortais, aquela por trás dos deuses – que me devem respeito. Eu sou o destino por trás das Moiras e você? Você só gira em torno de mim.